terça-feira, 5 de junho de 2007

Apagão deixa 70% da Colômbia sem Eletricidade

Um gigantesco apagão deixou sem eletricidade por mais de duas horas cerca de 70% da Colômbia nesta quinta-feira, incluindo a capital Bogotá e outras grandes cidades. Uma falha técnica em uma subestação de energia perto de Bogotá parece ter sido a causa do problema, informaram as autoridades, que descartaram a possibilidade de se tratar de algum tipo de atentado.
Dezenas de pessoas ficaram presas em elevadores de Bogotá (7 milhões de habitantes), as estações do metrô tiveram que ser evacuadas em Medelín (2 milhões de habitantes), e os sinais de trânsito pararam de funcionar nas principais cidades, segundo o Corpo de Bombeiros.
O presidente Alvaro Uribe disse que a estatal Interconexión Eléctrica (ISA), "investiga as causas da falha técnica" na subestação Torca, ao norte da capital colombiana.
Já o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, descartou um possível atentado terrorista e confirmou a jornalistas a informação fornecida pela ISA de que "se tratou de uma falha técnica".
O corte de energia aconteceu por volta das 10 horas da manhã (horário local) e prosseguiu durante horas. Pablo Corredor, funcionário do centro de controle da ISA, disse que até o meio-dia 50% do país ainda estava sem luz e que se espera para logo uma recuperação quase total do serviço.
"A última vez que registramos uma emergência dessa dimensão foi em 1985", afirmou.
Em Medelín, segunda maior cidade do país, a situação nas ruas e avenidas era complicada devido à falta de sinalização. Além disso, foram registrados vários casos de pessoas presas em elevadores.
"Estamos atendendo a uma capacidade reduzida, por causa do apagão" disse à AFP Fredy Gutiérrez, que trabalha no concorrido restaurante Club Colombia na zona rosa de Bogotá.
O comandante Mauricio Higuera, do Corpo de Bombeiros da capital colombiana, contou que atendeu a dezenas de chamados de pessoas presas em elevadores de edifícios que não possuem geradores de emergência.
Em Medelín (400 quilômetros ao noroeste de Bogotá), além do metrô - cujas estações foram fechadas - o Metrocable (sistema de teleférico) também interrompeu seus serviços e teve suas estações evacuadas pelos bombeiros, informou um porta-voz da companhia.
O apagão também afetou as transações financeiras, ainda que as entidades bancárias tenham afirmado que a maioria dos escritórios continuavam funcionando graças a seus sistemas próprios de geração de energia.
A Bolsa de Valores da Colômbia (BVC) anunciou em comunicado a suspensão de suas operações devido às várias dificuldades reportadas por usuários para realizar as transações, apesar do sistema elétrico de emergência da Bolsa funcionar corretamente.
O barulho dos geradores tomou conta das ruas nas principais cidades, aos quais vários estabelecimentos comerciais tiveram que recorrer para continuar funcionando.
A polícia implementou planos de emergência para evitar que houvessem problemas de segurança nas cidades.

Moléculas Convertem Calor em Eletricidade

Quando se fala dos motores dos carros mais modernos, é comum o uso de adjetivos como "alta tecnologia", "super rendimento", "alta potência" e uma série de outros ufanismos. Mas, quando vistos do ponto de vista da eficiência energética - sua capacidade de transformar um tipo de energia em outro - temos que concordar que eles estão bem mais próximos das antigas máquinas a vapor do que gostaríamos de admitir. Um motor a combustão tem uma eficiência energética de pouco mais do que 20%. Isso significa que quase 80% da energia contida no seu combustível será simplesmente perdida na forma de calor. E isso é verdade também para as caldeiras industriais e para as turbinas a gás de última geração que fazem funcionar as usinas termoelétricas.Para piorar a situação, 90% de toda a energia utilizada no mundo - das usinas de geração de eletricidade até os motores de carros - é criada por meio da conversão indireta do calor."Gerar 1 watt de energia requer cerca de 3 watts de calor e envolve o lançamento no meio-ambiente do equivalente a 2 watts de energia na forma de calor," explica o pesquisador Arun Majumdar, da Universidade da Califórnia, Estados Unidos.Com todos esses dados, é facilmente perceptível que uma pequena alteração na eficiência da conversão de calor em energia poderá ter um impacto enorme não apenas no consumo de combustíveis, principalmente os fósseis, mas também na quantidade de calor lançada constantemente na atmosfera pelas atividades humanas. Tudo o que precisamos é de um conversor termoelétrico, um equipamento capaz de converter diretamente o calor em eletricidade, sem a necessidade de que um motor a combustão ou uma turbina queimem um combustível para gerar energia mecânica e, a seguir, fazer girar um gerador que é quem efetivamente gera a eletricidade. Parece simples, mas esse tem sido o cálice sagrado dos engenheiros eletricistas nos últimos 50 anos.Um conversor termoelétrico é um gerador de energia que funciona com base no chamado Efeito de Seebeck - um fenômeno no qual um tensão elétrica é criada quando junções de dois metais diferentes são mantidos sob temperaturas diferentes. Mas os maiores esforços dos cientistas têm sido vãos, e esses conversores continuam sendo considerados os geradores do futuro - de um futuro ainda não visível no horizonte.Já foram construídos diversos equipamentos desse tipo. Mas o melhor deles apresenta uma eficiência de meros 7 por cento. Sem contar que eles são feitos de ligas metálicas exóticas, normalmente utilizados pela indústria de semicondutores, mas extremamente caras. O bismuto e telúrio são os metais mais utilizados nesses protótipos.Geração orgânica de eletricidadeAgora, a equipe do Dr. Majumdar fez um progresso significativo na área da conversão direta de calor em eletricidade. Eles conseguiram gerar o efeito Seebeck utilizando moléculas orgânicas, lançando as bases para o desenvolvimento de um novo tipo de conversor termoelétrico cujo custo será diminuído em várias ordens de magnitude."O objetivo é fazer as coisas a partir de materiais que são mais abundantes e mais facilmente processáveis," diz Rachel Segalman, outra partipante da pesquisa. "Materiais orgânicos são baratos e podem ser processados facilmente". O conversor orgânico de calor em eletricidade foi criado recobrindo-se dois eletrodos de ouro com moléculas de benzenoditiol, dibenzenoditiol e tribenzenoditiol. O calor foi aplicado a um dos eletrodos, de forma a criar um diferencial de temperatura. A ilustração acima mostra uma molécula de benzenoditiol presa entre as duas superfícies de ouro. Quando um dos lados é aquecido, gera-se uma corrente elétrica.Para cada grau de diferencial de temperatura, os pesquisadores conseguiram gerar 8,7 microvolts de eletricidade com o benzenoditiol, 12,9 microvolts, com o dibenzenoditiol e 14,2 microvolts com o tribenzenoditiol. A diferença máxima de temperatura testada foi de 30º C."O efeito pode parecer muito pequeno agora, mas esta é uma prova de conceito significativa, o primeiro passo na termoeletricidade orgânica," comenta Pramod Reddy, outro pesquisador do grupo.Geradores do futuroQuando falam em prova de conceito, os pesquisadores se referem ao fato de que eles conseguiram provar que sua teoria funciona. Agora eles terão que trabalhar duro no sentido de otimizar as reações e testar outros materiais orgânicos. Ainda não é possível dizer se estamos diante dos geradores de eletricidade do futuro. Vários anos de pesquisas ainda serão necessários para se aperfeiçar a tecnologia e descobrir as moléculas orgânicas que produzem os melhores resultados. Mas o que é mais promissor é o fato de que, ainda que esses conversores termoelétricos orgânicos não se tornem um primor de eficiência, eles estarão trabalhando na recuperação de uma parte de calor que hoje é totalmente desperdiçada e lançada na atmosfera.